terça-feira, 17 de novembro de 2009

Concurso para tradutor juramentado no RJ, resultado vergonhoso

Queridos colegas,

Eu pretendia retomar o blog falando sobre a minha experiência de trabalho em uma organização internacional, a OEA (Organização dos Estados Americanos). No entanto, há hoje no Estado do Rio de Janeiro um assunto premente que diz respeito ao vergonhoso resultado da primeira fase do concurso para TPIC (tradutor público e intérprete comercial, vulgo tradutor juramentado).

Por esse motivo, escrevo sobre o concurso e deixo para o futuro próximo os comentários sobre a minha nova fase de vida, em Washington, D.C.

Após décadas (quase trinta anos) de espera, os tradutores-intérpretes profissionais do Rio de Janeiro estão estupefatos diante do inexplicável resultado da primeira fase do concurso promovido pela Jucerja (Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro) e organizado pela Fundação Getúlio Vargas.

Profissionais renomados, competentes, extremamente experientes e com longo histórico de sucesso foram sumariamente reprovados com notas ridiculamente baixas que só poderiam ter sido atribuídas a curiosos que desconhecessem totalmente o ofício.

O concurso adotou gabarito como critério de correção das provas de tradução e versão o que, por si só, demonstra desconhecimento em relação à matéria a ser avaliada. Ainda assim, gabaritos em vários idiomas apresentavam incorreções segundo avaliação de colegas tradutores juramentados de outros estados do país.

Credito o resultado do concurso a erro no formato adotado para a correção das provas, não à fraude, pois conheço há anos alguns dos profissionais aprovados e sei que são sérios e competentes, merecedores da aprovação recebida.

As provas do concurso parecem ter sido distribuídas para diferentes avaliadores e a maioria deles não soube aplicar as regras de correção recomendáveis para provas de tradução e versão.

Conversei com Paulo Wengorski, presidente da Abrates (Associação Brasileira de Tradutores) e com Elizabeth Thompson, presidente do Sintra (Sindicato Nacional dos Tradutores), sobre o ocorrido.

A Abrates já apresentou denúncia ao Ministério Público Estadual (MPE) e pede que façamos o mesmo a fim de deixar claro que a classe está unida na busca de respostas para a situação.

Para apresentar a denúncia, acesse o link http://www.mp.rj.gov.br/portal/page/portal/Internet/Servicos/Ouvidoria_Geral/Fale_com_o_MP (esse link está no site da Abrates: www.abrates.com.br).

O Sintra, por sua vez, está disposto a oferecer apoio, contudo, para o Sintra agir, é preciso que os tradutores enviem solicitação diretamente ao Sintra pedindo que o Sindicato se manifeste sobre o assunto. Ou seja, o Sindicato precisa ser provocado pela classe para atuar. O e-mail de contato do Sintra é info@sintra.org.br.

Clamo a todos que se posicionem ao lado dos colegas reprovados devido à incompetência e incapacidade do concurso, e sem chance de ter acesso às suas provas corrigidas.

Integrem o mandado de segurança coletivo a ser impetrado contra o concurso e encaminhem denúncia ao Ministério Público Estadual.

Para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, sugiro aderir ao grupo que foi criado no yahoogroups a fim de solucionar o mistério do concurso da Jucerja. O nome do grupo é: jucerja2009.

Para participar do mandado de segurança coletivo, entre em contato com Marcio Nolasco, nos telefones 2531-2062 ou 2531-3099 (www.nolascoenolasco.adv.br).

As aprovações podem ter sido justas, no entanto, as reprovações, em grande parte, certamente não o foram.

Esperemos que o movimento que está acontecendo entre os tradutores do Rio de Janeiro surta efeito positivo, não permitindo que seja dada continuidade a um concurso que demonstra tamanho desrespeito público a profissionais sérios e gabaritados.

Boa noite e boa semana para você.

Abraço da
Sheyla

4 comentários:

Manassés disse...

Acabo de enviar meu segundo e-mail ao advogado que, a princípio, teria ajuizado o mandado de segurança e, desta vez, aguardo uma resposta. Até o momento não sei o status do processo, sequer o número do protocolo.
Vejamos como isto vai se resolver...

vivabonsmomentos disse...

SHEYLA, houve uma prova em SP ha uns 10 anos e a vergonha foi a mesma.
Passei no exame escrito, mas no oral (que foi muito facil0, me fizeram uma pergunta que estranhei: Voce ja trabalha para algum tradutor juramentado? Fui honesta e disse que nao. Para minha surpresa fui reprovada.....

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Eu sempre quis trabalhar como tradutor juramentado em alguma organização internacional, mas é muito difícil entrar!

Quem sou:

Minha foto
Washington, DC, United States
Formada em Interpretação de Conferência pela PUC-RJ em 1992, e diplomada em Administração de Empresas com MBA em Gestão Empresarial, minha história passa ainda pela área do Direito pois sou advogada desde 2002. Na minha empresa, BRASILLIS, Centro de Idiomas que fundei em 1992 com o meu irmão e sócio Roberto, sou responsável pela supervisão geral do Setor de Tradução e Eventos. Atualmento, moro em Washington, D.C., EUA, onde trabalho como tradutora-revisora para a Organização dos Estados Americanos (OEA). Na OEA, também atuo como intérprete e avaliadora de tradutores e intérpretes. Sou membro da ABRATES, da ATA, do Sintra, do CRA e da OAB. Fui eleita presidente da ABRATES (Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes) por dois mandatos consecutivos, quando lançamos o primeiro Credenciamento de Intérpretes de Conferência do país. Conto ainda com a experiência de ensinar no Curso de Pós-Graduação em Tradução da Universidade Gama Filho (UGF). Tenho uma filha, Manoela, de 7 anos, que é um raio de luz, e pratico Meditação Transcendental há dois anos.